Perfil da Geração Z no trabalho: entenda para atrair e reter os melhores talentos
Você já deve ter notado que os novos talentos têm expectativas profissionais bem diferentes das gerações anteriores.
Mas até que ponto você conhece o perfil da geração Z, entende como eles se adaptam ao ambiente de trabalho e o que pode realmente motivá-los?
Sem esse conhecimento, as áreas de Gente e Gestão e as lideranças enfrentam dificuldades para atrair e reter esses profissionais, além de não conseguirem implementar uma gestão eficiente.
Neste artigo, vamos explorar as características e comportamentos da geração Z para que você desenvolva as estratégias certas, evite ações sem propósito e reduza custos desnecessários.
- Como a geração Z lida com o ambiente de trabalho?
- Preferências da geração Z em relação à cultura organizacional?
- Quais os desafios para integrar a geração Z em programas de trainee e estágio?
- Como atrair e gerir talentos da geração Z no trabalho?
Como a geração Z lida com o ambiente de trabalho?
Nascidos entre 1995 e 2010, a geração Z está inserida em um contexto sociocultural dinâmico que molda suas expectativas em relação ao ambiente corporativo.
Embora compartilhem semelhanças e diferenças com os millennials e a geração Alpha, esses jovens profissionais se destacam por priorizarem aspectos como propósito, felicidade e desenvolvimento pessoal em suas carreiras.
Além disso, seus valores e comportamentos os levam a buscar:
- saúde mental no trabalho;
- oportunidades de desenvolvimento e crescimento;
- culturas abertas e inclusivas;
- praticidade, transparência e dinamismo de processos;
- espaço seguro para autoexpressão e empreendedorismo;
- autonomia e orientações de carreira.
No entanto, 68,1% do mercado de trabalho afirma ter dificuldade para lidar com esse grupo de profissionais, de acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTW.
Esse conhecimento é fundamental, principalmente, para quem conduz programas de estágio e trainee.
A geração Z entra no mercado com um anseio de fazer a diferença, trazendo novas perspectivas e experiências que agregam valor aos negócios.
Paralelamente, ela apresenta preferências por estilos de liderança e culturas organizacionais específicas, demandando das empresas uma atenção cuidadosa e abordagem estratégica.
Confira, na sequência, algumas das suas prioridades:
Lideranças inspiradoras
Saber como liderar a geração Z é um desafio para muitas organizações. Os talentos dessa faixa-etária valorizam líderes que inspiram, são abertos ao diálogo e reconhecem o potencial individual.
Nesse sentido, lideranças tradicionais, centralizadoras de decisões e com dificuldade para gerir pessoas, não têm mais tanta aderência entre esse público.
Ambiente de trabalho flexível e seguro
Para a geração Z, o ambiente importa muito. Isso não envolve apenas a preferência por trabalhos híbridos ou remotos, no qual possa encontrar mais equilíbrio e flexibilidade entre vida pessoal e profissional.
Esse grupo também procura estar em locais seguros emocionalmente, em que é possível se expressar e sentir-se respeitado por sua identidade.
Propósito e bem-estar
Falta de reconhecimento no trabalho, problemas éticos com a chefia imediata e inexistência de flexibilidade aparecem como alguns dos principais motivos para demissões brasileiras, segundo uma pesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Se antes o salário ditava as regras da atração e retenção de profissionais, hoje ele não é suficiente, principalmente quando falamos do recrutamento da geração Z.
Oportunidades alinhadas ao propósito de vida, que gerem motivação e realização no trabalho, é o que pode conquistar jovens talentos no longo prazo.
Agora que você entende um pouco mais sobre esse perfil, vamos falar sobre como a cultura organizacional pode ser um diferencial para esses colaboradores?
Preferências da geração Z em relação à cultura organizacional
1. Anywhere e home office
Uma pesquisa da Visier, realizada com 1.000 funcionários, incluindo a geração Z, revelou que passar tempo com a família, ser física e emocionalmente saudável e viajar são as três principais ambições desses profissionais.
É por isso que com a rotina cada vez mais acelerada e a constante necessidade de equilíbrio entre responsabilidade e lazer, muitas empresas têm apostado no home e anywhere office.
Para os jovens talentos que anseiam viver novas experiências e trabalhar de qualquer lugar do mundo, esse tipo de iniciativa se torna um fator decisivo.
2. Soluções tecnológicas e inovadoras
A geração Z é conhecida por ser nativa digital. Isso significa que todas as áreas de suas vidas são atravessadas pelas tecnologias.
Organizações que contam com processos dinâmicos e tecnológicos, além de investir em e-leadership, tendem a alcançar a atenção desse perfil geracional.
Seja na etapa de atração, ou em toda a employee experience, essas soluções inovadoras não são apenas um atrativo, mas um fator de engajamento
3. Foco em diversidade e inclusão
As empresas são reflexo da sociedade, e suas práticas e políticas devem estar alinhadas à missão e aos valores que desejam promover.
Programas de estágio e trainee que não se atentam à diversidade de pessoas afastam profissionais da geração Z, em grande parte, engajados com questões sociais e políticas.
Isso vai além da promoção de vagas afirmativas em processos seletivos, por exemplo. Trata-se de integrar equipes que, de fato, praticam o pertencimento e a inclusão.
Quais os desafios para integrar a geração Z em programas de trainee e estágio?
Interesse em processos seletivos
É comum que candidatos da geração Z não se conectem às etapas de atração e seleção em programas de estágio e trainee.
Acostumados a um ritmo de vida acelerado e dinâmico, processos longos e desestruturados podem rapidamente desmotivá-los.
A falta de marketing de atração, profissionais humanizados na jornada, candidate experience fluída, além de clareza e transparência no processo, podem contribuir para esse cenário.
Desconexão com o trabalho
Metade dos profissionais da geração Z prefere receber orientação de carreira do ChatGPT a de seus líderes, é o que revela uma pesquisa da Workplace Intelligence.
Essa preferência pode ser causada pela profunda imersão em mídias sociais, que, combinada com uma possível desconexão interpessoal, gera um desalinhamento de expectativas.
Sem uma integração eficiente das equipes e inteligência emocional de lideranças, esses talentos sentem-se desamparados no trabalho e sem propósito no longo prazo.
Falta de perspectiva para cargos de liderança
Se antes, ocupar posições de liderança era a prioridade desses profissionais, hoje menos de 2% da geração Z tem a ambição de subir na pirâmide corporativa. Esses dados são de um estudo do consultor de carreira Gorick Ng, que analisou as prioridades de carreira dessa geração.
Diversos fatores podem estar relacionados a essa mudança, como um maior foco em saúde mental, flexibilidade e projetos de vida.
O fato é que se trata de um desafio significativo para a gestão e RH de muitas empresas, já que alguns dos programas de trainee e estágio podem ser estratégicos para a formação de um pipeline de lideranças.
Engajamento e retenção
Manter profissionais da geração Z por um longo período nas corporações é mais uma preocupação crescente.
Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, o tempo que um trabalhador fica no emprego não chegou a dois anos em janeiro de 2023, sendo que profissionais de 18 a 24 anos tem uma média de apenas nove meses.
A falta de fit cultural, benefícios competitivos e estratégias de desenvolvimento são alguns dos fatores que levam esses colaboradores a buscar novas oportunidades com rapidez.
Falta de inovação
Não se adaptar ao novo cenário organizacional e às soluções de mercado impede que algumas empresas despertem o interesse da geração Z.
É fundamental que a cultura organizacional seja flexível e aberta à inovação.
Caso contrário, isso impacta negativamente o engajamento e o senso de pertencimento dos jovens profissionais, tornando-os menos propensos a se identificarem e fortalecerem a employee branding.
Como atrair e gerir talentos da geração Z no trabalho?
1. Adapte seus processos seletivos
Na seleção de estagiários e trainees, tenha atenção para o perfil da geração Z, estudando suas preferências e comportamentos.
Esse tipo de atualização contínua e preparo das equipes de RH ajuda a alinhar estratégias organizacionais às expectativas dos talentos.
2. Crie um plano de carreira atrativo e estratégico
A geração Z busca mobilidade em sua trajetória corporativa e suporte para o autodesenvolvimento de maneira integral.
É por isso que investir em um plano de carreira sólido e multidisciplinar, além de contar com gestores engajados nesta jornada, é decisivo para reter esse público na organização.
Saber como contratar trainees também engloba um conhecimento profundo em treinamentos personalizados, para aprimorar habilidades técnicas e competências socioemocionais.
3. Mantenha uma cultura favorável à criatividade
Autonomia, espaço para inovação e incentivo à criatividade são demandas emergentes dos novos talentos.
Nesse contexto, uma cultura de feedback contínuo entre as equipes, uma gestão engajada nas novas demandas geracionais e um RH humanizado são estratégias eficazes para revitalizar a corporação.
Por meio dessas ações, também é possível promover um ambiente de evolução propício ao desenvolvimento de jovens líderes.
4. Foque no talento e paixões de cada um
Focar nas habilidades e competências individuais e no que realmente motiva cada talento pode transformar a relação da sua organização com a geração Z no trabalho.
Invista em uma análise de perfil comportamental completa e assessments que ajudem os líderes a identificar o que energiza esses profissionais, seus pontos fortes e ambições.
Esse tipo de avaliação auxilia na elaboração de trilhas de aprendizado personalizadas, trazendo mais identificação e performance no longo prazo e guiando diversas estratégias de desenvolvimento.
5. Atente-se para o propósito
Como vimos, a geração Z avalia o propósito como um elemento decisivo em suas escolhas profissionais, podendo estar relacionado a diversos aspectos, como:
- alinhamento aos valores pessoais;
- reconhecimento profissional;
- bem-estar e felicidade no trabalho;
- lideranças e processos humanizados.
Para ter mais clareza e tomar decisões bem embasadas, uma boa maneira de gerir a geração Z é conduzir pesquisas sobre o seu perfil na empresa e manter uma cultura de cuidado com as pessoas na jornada do colaborador.
Isso implica ter uma equipe de RH engajada em conhecer melhor esses profissionais, além de uma gestão preparada para integrar e apoiar o desenvolvimento dessa nova força de trabalho.
Quando o negócio compreende os comportamentos das novas gerações, é possível estabelecer conexões significativas com esses talentos e oferecer soluções na liderança e cultura que atendam às suas necessidades.
Neste artigo, você aprendeu um pouco mais sobre o perfil da geração Z, suas preferências em relação ao ambiente organizacional, e o que os motiva no ambiente de trabalho.
Esse conhecimento é fundamental para atrair e reter estagiários e trainees, melhorar a performance dos times e otimizar os investimentos da empresa.
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