Teoria dos Traços de Personalidade: o que é e como aplicar na Gestão?
Se te pedissem para descrever a sua personalidade, o que você diria?
Bom, há muitos anos, estudiosos da área desenvolveram métodos que são usados e testados até hoje para tentar descobrir um pouco mais sobre o comportamento das pessoas.
Um dos mais efetivos é a Teoria dos Traços de Personalidade. Ela define 5 grandes fatores de influência comportamental que são mais comumente percebidos e avaliados nas pessoas, permitindo uma análise completa.
Essa teoria embasa metodologias como a do Big Five e, até mesmo, a avaliação comportamental e de perfil de candidatos em processos seletivos.
Além disso, quando aplicada na Gestão de Pessoas, possibilita melhores estratégias de desenvolvimento de habilidades e competências de profissionais em potencial.
Neste artigo, vamos apresentar os seguintes tópicos:
- O que são os Traços de Personalidade?
- Como começou a Teoria dos Traços de Personalidade?
- Por que cinco fatores?
- Como entender a relação entre profissões e traços de personalidade?
- Como aplicar a Teoria dos Traços de Personalidade na Gestão de Pessoas?
Continue a leitura e fique por dentro do assunto!
O que são os Traços de Personalidade?
A Psicologia define “personalidade” como um conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio.
Isso significa que a personalidade inclui todos os fatores físicos, biológicos e socioculturais, unindo tendências que nascem com a pessoa e experiências adquiridas ao longo de sua vida.
É sobre todo esse contexto que as cinco dimensões da Teoria dos Traços de Personalidade dialogam.
Como começou a Teoria dos Traços de Personalidade?
Essa história começa quando o cientista Sir Francis Galton pensou que seria possível analisar as pessoas pela linguagem. Esse estudo ficou conhecido como hipótese lexical.
Alguns anos depois, em 1884, Gordon Allport e H. S. Odbert expandiram essa teoria ao pesquisarem em um dicionário nada menos que 17.954 palavras que descreviam características relacionadas à personalidade.
Com o passar do tempo, os estudiosos reduziram essa imensa lista para 4.500 adjetivos que, segundo eles, descreviam características observáveis e relativamente permanentes.
Essas características estão organizadas em três categorias para otimizar os estudos: traços cardeais, traços centrais e traços secundários.
1. Traços cardeais
São aspectos dominantes e que permitem a identificação imediata de indivíduos. Representam traços mais raros e um tanto o quanto marcantes, como maquiavélico ou altruísta.
2. Traços centrais
São características gerais e que constituem a base da personalidade dos indivíduos, podendo ser associadas a adjetivos como ‘tranquilo’ ou ‘ansioso’.
3. Traços secundários
Esses são traços mais difíceis de serem percebidos, aparecendo apenas em contextos específicos. Um exemplo é a pessoa que é confiante, mas que se sente insegura em determinadas situações.
Raymond Cattell
Vinte anos mais tarde, Raymond Cattell obteve essa lista elaborada por Allport e Odbert e eliminou todos os sinônimos, chegando a um total de 171 adjetivos.
Então, ele pediu que os participantes de sua pesquisa analisassem pessoas que eles conheciam, baseando-se nessas características.
Com esses resultados, foi possível criar 35 grupos de personalidade. Em seguida, resolveu adicionar mais dez grupos, a partir de uma revisão da literatura psiquiátrica.
Com 45 grupos em mãos, Cattell usou um sistema de análise fatorial e delimitou os 16 principais fatores de personalidade. Esse conjunto ficou conhecido como Questionário de Personalidade 16PF.
Por que cinco fatores?
A partir da década de 50, vários estudos foram conduzidos sobre as teorias fatoriais e o modelo de Cattell.
Uma das pesquisas mais conclusivas, o estudo de Fiske, encontrou evidências de que cinco fatores eram suficientemente abrangentes para uma solução fatorial adequada.
Goldberg, em 1981, já tinha notado que o desenvolvimento da linguagem, como nós falamos no início do texto, expressava uma preocupação em obter mais informações sobre como os indivíduos vão se sentir e interagir.
Já em 1992, McAdams percebeu uma coisa interessante: os cinco fatores estão relacionados a traços que nós, geralmente, queremos saber sobre as pessoas.
Basicamente, os traços de personalidade analisados são de um indivíduo passivo ou dominante, agradável ou desagradável, responsável ou negligente, imprevisível ou estável e curioso ou desinteressado.
1. Extroversão
Esse traço é sobre como uma pessoa se comporta em sociedade, indicando o quanto ela pode ser comunicativa, ativa e afetuosa.
Foi observado que pessoas com baixo score nesse fator tendem a ser mais reservadas e, normalmente, mais introvertidas.
2. Socialização ou agradabilidade
Se a extroversão diz respeito à energia gasta com relações sociais, a socialização trata o comportamento em relação aos outros.
Pessoas com grande agradabilidade tendem a ser mais respeitosas, carinhosas, empáticas e têm facilidade em fazer novas amizades.
Já na outra extremidade, porém, os indivíduos tendem a ser “pouco sensíveis” ou passar uma impressão “menos calorosa”.
3. Conscienciosidade
Esse traço de personalidade diz respeito à capacidade de organização, persistência, controle e motivação de alguém.
Pessoas com alta pontuação neste fator se destacam pela capacidade de planejar, organizar e trabalhar dentro de normas.
Por outro lado, pessoas com características opostas tendem a ter falhas de organização. Além disso, preferem ambientes de trabalho com menos regras e mais flexíveis.
Outras características dominantes desse fator são a persistência, a ambição, o controle e o planejamento.
4. Neuroticismo
Neuroticismo refere-se à tendência a experimentar sentimentos negativos. As pessoas de alta pontuação neste fator são emocionalmente reativas, mais propensas a interpretar as situações comuns como “ameaçadoras” e frustrações como “difíceis de superar”.
No outro extremo da escala, estão os indivíduos que, dificilmente, deixam se abalar. Consequentemente, são menos emotivos e reativos.
5. Abertura para experimentar
O último traço de personalidade está ligado ao intelecto e à imaginação. Ele diz respeito à vontade de tentar coisas novas e pensar fora da caixa, com criatividade e imaginação.
Alguém com grande abertura para experimentar é uma pessoa curiosa, que adora aprender. Por isso, normalmente, desenvolve uma carreira criativa, com base em um projeto pessoal ou até mesmo um hobby.
Por outro lado, há pessoas que preferem uma rotina estabelecida, gosto por artes abstratas e os conhecimentos que já têm.
Como entender a relação entre profissões e Traços de Personalidade?
Cada cargo exige um tipo de personalidade e comportamentos diferentes, em que a combinação dos cinco fatores torna uma pessoa certa para ocupar uma posição.
Se tomarmos como base um cargo para área social, por exemplo, é provável que venhamos a buscar por pessoas que apresentem características comportamentais mais afáveis e empáticas.
Por outro lado, se pensarmos em um cargo de segurança pública, como um policial, é importante que ele se envolva menos emocionalmente e haja como mais racionalidade nas relações.
Nesse contexto, o caminho mais estratégico é avaliar as necessidades da empresa junto à personalidade de cada profissional. Dessa forma, será possível ter o match ideal entre os dois lados.
Como aplicar a Teoria dos Traços de Personalidade na Gestão de Pessoas?
Todos nós temos uma mistura dos 5 fatores apresentados nos traços de personalidade. Nos processos de recrutamento e seleção, esse método é muito usado. Afinal, permite análises mais profundas a partir de estudos acadêmicos comprovados pela Psicologia.
A combinação da pontuação dos cinco traços pode mostrar qual a função certa para um candidato e se essa pessoa está ou não de acordo com a vaga concorrida.
A aplicação da Teoria dos Traços de Personalidade não se restringe apenas à fase de contratação. Se estende também à realocação de colaboradores e ao desenvolvimento contínuo de profissionais, abrangendo aspectos como sucessão e mobilidade dentro da empresa.
Avaliando sua equipe é possível combinar as melhores pessoas para trabalharem juntas ou avaliar a quem delegar tarefas, por exemplo.
Dessa forma, você consegue combinar as necessidades do colaborador com as da empresa e identificar mais facilmente soft skills em potencial.
Quanto mais você conhece as pessoas, mais fácil é trabalhar com elas e contribuir para o desenvolvimento de cada uma, concorda?
O resultado de tudo isso é um crescimento mútuo e contínuo. Além disso, com a valorização das habilidades e do perfil dos funcionários, a produtividade no trabalho aumenta e o clima organizacional se torna ainda melhor!
Agora que você já conhece a Teoria do Traços de Personalidade, confira um artigo completo sobre gestão comportamental nas empresas e complemente o seu conhecimento!