Capacitismo no trabalho: entenda, identifique e combata na sua empresa
Você já parou para refletir sobre os desafios que as pessoas com deficiência enfrentam nas empresas?
O capacitismo no trabalho continua a se manifestar na rotina de equipes e em processos de gestão, prejudicando a igualdade de oportunidades e a cultura organizacional.
Neste artigo, vamos explicar em detalhes o que é capacitismo, como ele se manifesta nas corporações e a importância de promover a inclusão e a acessibilidade para a contratação de colaboradores com deficiência.
O que é capacitismo?
O capacitismo é a discriminação ou preconceito direcionados às pessoas com deficiência (PCDs).
Esse comportamento consiste na subestimação da capacidade e habilidades dos talentos em virtude de suas deficiências, seja física, sensorial, intelectual ou mental.
Muitas vezes, essa atitude se manifesta sob a aparência de um sentimento de “simpatia” pelas PCDs, como observado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Um exemplo disso é quando se diz que alguém “não tem cara de autista”, o que implica uma negação da identidade e experiência da pessoa com deficiência dentro desse espectro.
Ou ainda, quando a atuação de um profissional com deficiência é, a todo momento, vista como digna de superação e inspiração para os outros.
Para entender melhor, veja abaixo os principais tipos de capacitismo.
Capacitismo estrutural
São barreiras físicas, institucionais e sistêmicas que dificultam a participação das pessoas com deficiência, como a falta de acessibilidade e políticas discriminatórias.
Capacitismo atitudinal
Refere-se a atitudes negativas e estereótipos prejudiciais em relação às PCDs, como comentários ofensivos ou tratamento condescendente.
Qual a diferença entre capacitismo e outras formas de discriminação?
O capacitismo é um modelo de discriminação que se baseia na suposição de que pessoas com deficiência são inferiores ou menos capazes do que aquelas sem deficiência.
Por outro lado, o racismo, a homofobia e a xenofobia, por exemplo, estão enraizados em características como raça, orientação sexual e origem étnica ou nacional.
É válido lembrar que diversos tipos de preconceitos podem se sobrepor.
No contexto do capacitismo interseccional, há o reconhecimento de que as PCDs muitas vezes são oprimidas não só por suas deficiências, mas também por outras intolerâncias.
Apesar dessas diferenças, todas essas formas de discriminação resultam em tratamento injusto e desigual para os grupos afetados.
O cenário alerta para a necessidade contínua de combater o preconceito e promover a igualdade e inclusão na sociedade e no mercado de trabalho.
Como o capacitismo pode se manifestar nas empresas?
No ambiente corporativo, o capacitismo pode surgir de diversas maneiras, desde atitudes aparentemente inofensivas até políticas institucionais discriminatórias.
Veja alguns exemplos:
- negar uma promoção interna a um funcionário com deficiência com base em estereótipos sobre suas capacidades;
- excluir um colaborador com perda de audição de discussões importantes, presumindo sua incapacidade de contribuir devido à sua condição;
- implementar políticas de recrutamento que não consideram adaptações para candidatos com deficiência, dificultando sua participação nos processos seletivos;
- não oferecer instalações físicas acessíveis, como rampas de acesso, prejudicando a mobilidade no local de trabalho;
- usar sistemas de tecnologia não adaptados para PCDs, dificultando a execução de suas tarefas;
- normalizar comportamentos e falas capacitistas, criando um clima hostil e desagradável.
É fundamental que as organizações reconheçam esses problemas e tomem medidas para combatê-los em todas as suas formas.
Por que é importante abordar o capacitismo no ambiente de trabalho?
O capacitismo impacta negativamente o clima e a cultura organizacional.
Quando as pessoas com deficiência são tratadas de maneira injusta ou discriminatória, isso afeta o bem-estar e satisfação no trabalho, bem como o desempenho geral da equipe.
A exclusão desses profissionais também contribui para a perda de talentos e pluralidade de perspectivas no negócio, resultando em uma cultura estagnada e resistente à inovação.
Além disso, a presença desse tipo de preconceito desenvolve um ambiente tóxico, onde os colaboradores se sentem desvalorizados e a confiança é quebrada, comprometendo o trabalho em equipe.
Por isso, abordar o capacitismo no mercado de trabalho é essencial. Empresas que valorizam a diversidade e implementam políticas de inclusão tendem a ter equipes mais engajadas e felizes, além de um espaço corporativo saudável e produtivo.
Como evitar o capacitismo nas empresas?
Para evitar o capacitismo e ter uma empresa inclusiva, é necessário adotar estratégias que asseguram a inclusão e valorização de pessoas com deficiência.
Aqui estão algumas boas práticas para combater o capacitismo na sua organização:
1. Processo seletivo inclusivo
Para garantir oportunidades iguais para candidatos com deficiência, é fundamental implementar políticas de recrutamento e seleção equitativas.
Isso pode incluir a criação de vagas afirmativas ou programas de estágio e trainee com foco em diversidade.
Além disso, capacite os recrutadores para que reconheçam e evitem vieses inconscientes, assegurando que as entrevistas sejam conduzidas adequadamente.
2. Lideranças e equipes preparadas
Além do processo seletivo inclusivo, é crucial que os líderes e membros da companhia estejam preparados para acolher e apoiar os profissionais com deficiência.
Ofereça treinamentos e capacitações que abordem a inclusão, a acessibilidade e a sensibilização no dia a dia corporativo.
Ao conscientizar os gestores e colaboradores sobre as necessidades e potenciais desafios enfrentados por PCDs, é possível criar um ambiente de trabalho que valorize e respeite as diferenças.
3. Acessibilidade no local de trabalho
Promover a acessibilidade é essencial para garantir o bem-estar, a produtividade e a satisfação das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho.
Sendo assim, disponha de adaptações físicas e tecnológicas para atender às necessidades específicas desses colaboradores.
Rampas de acesso, banheiros acessíveis, mesas ajustáveis em altura e softwares de assistência são alguns exemplos de investimentos necessários.
4. Oportunidades de crescimento e desenvolvimento
É fundamental estabelecer oportunidades de crescimento para todos os funcionários, independentemente de suas habilidades ou condições físicas.
Para isso, certifique-se que as avaliações de desempenho sejam justas e proporcione acesso a treinamentos, programas de desenvolvimento e plano de carreira.
5. Comunicação inclusiva
O capacitismo também se manifesta na comunicação. Uma linguagem inadequada pode reforçar preconceitos e criar um ambiente desagradável.
Portanto, opte por expressões inclusivas, em vez de termos como portador de necessidade especial, portador de deficiência ou deficiente.
Além disso, incentive a equipe a rever atitudes e falas “inofensivas”, como:
- “Não temos braço para isso”
- “Você não me ouviu? Tá surdo?”
- “Pensei que você era normal”
- “O chefe tá de mau humor hoje. Finge demência.”
- “Que esquizofrenia é essa?”
6. Censo de diversidade
Realizar um censo de diversidade também é importante para identificar e combater o capacitismo no espaço laboral.
Colete dados sobre a composição da força de trabalho para identificar e entender as necessidades dos colaboradores com deficiência e desenvolver políticas mais inclusivas.
O capacitismo representa um desafio significativo para as empresas que buscam criar ambientes de trabalho justos e igualitários.
Contudo, com comprometimento e práticas inclusivas, é possível superar essas barreiras e promover uma cultura organizacional mais diversa e acolhedora.
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